Entenda seu problema de cartilagem!

O que é cartilagem?
É um tecido que recobre os ossos na região da articulação. No caso do joelho, está presente no fêmur, tíbia e patela.
Sua principal função é amortecer o impacto que o joelho sofre , mas também diminui o atrito entre um osso e outro.
Por não apresentar vasos sanguíneos, a cartilagem tem pouca vascularização e os condrócitos (Células que compõem a cartilagem) tem dificuldade em se multiplicar.
Por consequência, as lesões de cartilagem apresentam baixo potencial de cicatrizar.

As lesões de cartilagem
Classificação ICRS
- Grade 0: Cartilagem normal
- Grade 1: Lesão superficial com indentação ou fissuras
- Grau 2: Cartilagem anormal com lesões se extendendo até 50% espessura total.
- Grau 3: Cartilagem anormal com lesões mais profundas que 50% espessura total. Subdivididas:
- 3a: Defeito não se extende até a camada calcificada
- 3b: Defects se extende até a camada calcificada
- 3c: Defeito até osso subcondral
- 3d: Formação de bolhas na cartilagem
- Grau 4: Defeitos severos de espessura total:
- 4a: Penetra osso subcondral mas não no diâmetro total do defeito
- 4b: Penetra osso subcondral no diâmetro total do defeito

O que eu posso sentir ao lesionar a cartilagem?
A sintomatologia varia muito de pessoal para pessoa, normalmente são associados a queixas leves de dor ou inchaço da articulação. Pacientes podem referir crepitação, rangidos ou estalos.
Em casos mais graves, porém, o joelho pode inclusive ficar travado!
Nesses casos, o incomodo é tão grande que muito pacientes procuram o pronto socorro. Queixas podem limitar as atividades esportivas e até mesmo atividades diárias do paciente.
Como eu sei que estou com lesão da cartilagem?
A suspeita normalmente é feita por um médico ortopedista com base nos sintomas acima. Na investigação, normalmente é solicitado o exame de ressonância magnética.
O exame vê com detalhes a região da cartilagem lesionada, mas é preciso ter atenção! Normalmente a lesão é maior em extensão do que visualizado na ressonância.
Em alguns casos, é inclusive realizada a Artroscopia diagnóstica ( cirurgia por vídeo) para identificar e avaliar as lesões da cartilagem.
Como tratar as lesões de cartilagem?
Lesões mais superficiais ( Grau 1 e 2 ) são de tratamento não cirúrgico.
A carga sobre o joelho acometido deve ser diminuída, é recomendado:
- Evitar atividades físicas de impacto por algumas semanas,
- Perda de peso
- Fortalecimento da musculatura ao redor do joelho.
Em casos mais graves (Graus 3 e 4), ou àqueles que não melhoram, podemos optar pelo tratamento cirúrgico.
Dentre as técnicas de cirurgia, temos diversas opções
Microfratura
Normalmente utilizado para lesões pequenas (menos que 2 cm2). Nesta técnica, é realizada pequenas perfurações no osso que fica logo abaixo da cartilagem danificada. Através dos furos há saída de um pequeno sangramento que irá formar um coágulo no local da lesão condral, formando posteriormente um tecido parecido com a a cartilagem chamado fibrocartilagem.
Esta técnica costuma ter bons resultados mas a duração do tecido ficrocartilaginoso é inferior a cartilagem original.

Transplante autólogo de cartilagem (Mosaicoplastia/OAT)
Para o tratamento de lesões de cartilagem de pequeno a médio porte (2 a 4 cm2). A mosaicoplastia consiste na retirada de cilindros de cartilagem e osso subcondral de áreas menos importantes do joelho ( Não submetidas a impactou ou atrito) e transplantá-las para áreas “mais importantes”.
Apresenta o melhor tipo de cartilagem – cartilagem hialina – idêntica à cartilagem que existia nesta região do joelho antes da lesão.
Apresenta maior durabilidade em relação aos outros tratamentos e permite a retomada às atividades de vida de maneira rápida e segura.

Membrana de colágeno
O tratamento condral com membrana de colágeno é indicado para lesões de tamanho médio e grande (> 2-4 cm2). É normalmente indicado quando a lesão é muito grande para se utilizar microfratura ou o transplante autólogo de cartilagem.
A lesão é desbridada, suas bordas regularizadas, e então a membrana de colágeno é suturada e colada (isso mesmo, cola de fibrina) no local do defeito.
Após o término da cirurgia, células irão migrar para a membrana de colágeno e constituirão um tecido de cicatrização que irá substituir a cartilagem.

Transplante à fresco de doador de órgãos
Outra opção cirúrgica para lesões grandes. Através de um “Banco de Tecido” (mesma instituição que regula transplantes de fígado, rim, coração etc. ) podemos obter tecido ósseo-cartilaginoso para reconstruções de defeitos condrais grandes.
Assim como na técnica da mosaicoplastia, temos disponível cartilagem hialina, porém com esta técnica não há limite do tamanho do defeito condral que possa ser reparado.
Do tecido ósseo do doador, retiramos o formato necessário para reconstruir o defeito presente.
Dr. Bruno Butturi
Especialista em cirurgia do joelho
CRM: 175.419 | RQE: 87.292
ECFMG number: 0-959-289-0